Segunda-feira, 20 de Junho de 2016

au bonheur des dames 415

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A senhora Canavilhas com saudades dos processos de antigamente

 

Isto de uma criatura vir pedir (de modo “informal”, como depois corrigiu) o despedimento de uma jornalista tem antigos e medonhos antecedentes.

Nos anos trinta, consoante se vivesse no “Ocidente” ou na recente “União Soviética”, os que não liam pela cartilha do Komintern tinham duas hipóteses de pouco e mau futuro. Ou eram ridicularizados, atacados por toda a sorte de panfletos e abaixo-assinados ou, no caso soviético eram corridos dos empregos (solução clementíssima), enviados para campos de trabalho, julgados e condenados à morte em processos fantamasgóricos. Não era necessário ter feito qualquer coisa. Bastava não fazer, ter uma opinião dubitativa ou até ser amigo ou conhecido de alguém que teria emitido algum juízo crítico sobre a política da camarilha stalinista.

Ocorreque uma jornalista do “Público” noticiou que a manifestação a favor da Escola Pública teve números muito diferentes de participantes consoante a fonte era a Fenprof ou a PSP.

Este simples facto, apesentar dois números, exasperou a senhora Canavilhas que, à viva força, queria que só se noticiasse o número mais alto. Vai daí, perguntou-se numa rede social, porque é que a jornalista ainda tinha emprego.

Imaginemos que a pátria triste, e em bolandas, progredia no caminho da via única para o socialismo que alguns dos parceiros governamentais e os inocentes úteis, companheiros de estrada que se acotovelam no PS, parecem querer. A senhora Canavilhas poderia, por milagre ou azar nosso, acabar numa cadeira de Comissária do Povo, suponhamos para a Comunicação Social.

Que aconteceria, sempre nesta hipóteses alucinante, à jornalista relapsa que noticiou a manifestação? Ficaria desempregada? Iria por uns anos limpar de pedras a charneca alentejana? Hospeda-la-ia o Estado patrão de todos, em Caxias ou Peniche subitamente retornadas à sua inicial vocação de centros de férias para mal pensantes?

Não conheço (nem quero conhecer) a senhora Canavilhas de lado nenhum. Sei dela o que todos sabem que é pouco ou nada sobretudo nada se só tivermos em conta a sua triste passagem pela pasta da Cultura onde para parafrasear um cavalheiro de que celebramos o IVº Centenário,houve “muito ruído para nada”.

De vez em quando esta criatura Canavilhas reaparece nos soundbites da política politiqueira. Nada de grave, nada de substantivo, apenas uma ninharia que só existe por vir de uma antiga política. Não adianta nem atrasa, apenas chateia quando não diverte. Todavia, esta erupção twiterística revela que o espírito inquisitorial não morreu, antes reverdece quando a secura da descrição colide com a toleima da presunção.

A azougada senhora tentou posteriormente emendar a mão mas foi tarde e mal.

Quem traz uma má notícia é culpado. A notícia continua a mesma mas, à cautela, mata-se o mensageiro.

* a gravura representa uma manifestação bem mais divertida do que as nossas e a  "musa da manif" nada tem a ver com alguém de cá e, muito menos, com a senhora Canavilhas, coisa que, apesar de óbvia, convém ressaltar. 

publicado por d'oliveira às 10:42
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